domingo, 18 de outubro de 2009

Let's get together and talk about the modern age.

"We are the middle children of history, with no purpose or place. we have no great war, no great depression. Our great war is a spiritual war, our great depression is our lives"
- Fight Club.

O interessante de se observar em situações como a que vivi ontem é, além das consequências, as causas para que não só eu estivesse naquela situação mas também as possíveis razões das outras pessoas.
Tento, realmente, acreditar que todos eles vêem um sentido naquele lugar, naquele estado de espírito e em toda aquela quebra de 'leis' e 'regras', não apenas como um sentido de se rebelar contra nada (apesar de que isso já demonstra uma filosofia perpassada hoje em dia), mas sim como algo que está presente na juventude de hoje, na nossa geração, no nosso desespero, já que 'nossa grande depressão é a nossa vida'. Se estar ali significar se rebelar contra a vida sem sentido que temos, então já são justificáveis tais atos (se bem que, seguindo mesma lógica, seria justificável tirar a própria vida, por não ver sentido algum).
Filhos de classe média/alta, escondidos atrás de um cigarro e/ou uma bebida, algumas crianças em espírito, adultos na idade e vice-versa (como a traduzir que hoje em dia a idade não significa absolutamente nada), utilizando de atos para se rebelar ou simplesmente demonstrando que, pra eles, seu pensamento é tão contrário contra tudo que ouvimos falar todos os dias que aquilo tudo se tornou normal, nada mais nada menos do que diversão, não sendo uma forma de se manifestar diretamente, apenas demonstrando que suas ideologias vão, verdadeiramente, contra tudo que propaga a velha ética e moral.
E então, me vejo com uma latinha e um cigarro em mãos, escutando aquelas músicas que têm um sentido que vai além de um ritmo agradável ou uma letra bonita, mas uma forma de protestar contra a falta de sentido, a falta de procura do próprio sentido pelo senso comum, pela velha massa. Deparo-me com as imagens daquela noite, com pessoas fumando ‘um’ publicamente (absolutamente normal?), com alguém barrando a menina de 16 anos de comprar cerveja (eu? prefiro interpretar que moralismo falso não existe apenas no colégio ou em casa), pessoas curtindo a noite, pessoas conversando sobre tudo aquilo que nos cerca - "let's get together and talk about the modern age" @ rilo killey - outras pensando na próxima forma de impressionar seus amigos, outras perguntando porque estão ali, outras fugindo de seus problemas, outras tentando encontrar o sentido em suas drogas, em seus amores (de um dia ou de anos, whatever, tentando encontrar em outro ser humano), em suas falsas ilusões criadas pra diminuir essa angustia que nos cerca todos os dias e tende a permanecer até que tudo isso acabe (ou não - e isso nos remete a outras questões intrinsecamente ligadas as primeiras.. para onde vamos?), em suas religiões, em tudo aquela 'ideologia' formada pra que nos convencemos de que tudo é assim e não podemos mudar (ou, para alguns, que podemos.. e isso também é uma forma de se encontrar).
Me vejo pensando, então, naquele momento exato. Não do inicio da noite, não da subida pra o outro bar, não na conversa com uma menina que fugiu de casa (procurando o que?), não dos conselhos... Mas daquele exato momento. Pessoas pulando, cantando, como se fosse o clímax de um filme, o ápice da noite. Milhões de universos que diariamente são julgados, em suas próprias visões, em suas depressões pessoais, nesse "misto quente" de angustias, explicações, problemas, felicidades/alegria, noções de liberdade, de amor (seja lá o que isso signifique pra cada um deles, no fim das contas).
E entendo. Entendo que nem todos ali pensam nisso, nem todos já pararam pra observar o êxtase do outro, ou até mesmo o outro em si... Nem todos ao menos buscaram o significado do que realmente seria a essência. E me pergunto.. Qual o significado daquilo tudo pra mim, daquele cigarro na mão, daquela latinha, daqueles pensamentos mal-elaborados, desse post, dessa falta de objetivo, dessa música (explosions in the sky), dessa depressão que vivemos e tentamos preencher com alguém, com positividade, com alegrias passageiras. Nem todos tem essa literatura. E seria ela, boa ou ruim no fim das contas? E, afinal, o que é bom e ruim?
Então esqueço, volto a encarar tudo de frente, porque se esconder atrás de algo não me agrada. E a literatura, ou a arte em si, a filosofia.. As mesmas que me fizeram chegar nesse estado, nesse ponto sem equilíbrio ou lógica... Me acalmam, simplesmente. Me fazem acreditar que não estou sozinha, que ainda que ninguém queira me acompanhar ou viver essa aventura comigo, posso contar com estas duas, com seus autores, com seus maravilhosos universos que de uma forma ou de outra tendem a me entender. Ou que não entendam, o fato é que vivo tentando me entender e quando não me encontro sozinha, volto pra estas duas que sempre me acham, always there. Obrigada, pai, obrigada, mãe, por, além de tudo, me apresentar essas duas que sempre irão estar comigo, apesar de me deixarem nesse estado lamentável de post de blog pra se expressar... Porque, no fim, elas sempre me ajudam. Fazem ver que, apesar de tudo, com este universo cheio de universos e pensamentos confusos tudo é extremamente incrível e viver essa 'aventura' não é apenas algo doloroso, mas prazeroso ao extremo, se vivenciadas com a 'ajuda' dessas duas.
É, concordo ao passo que discordo com a frase que ‘ser ignorante é ser mais feliz’, porque, sinceramente, depois que se conhece a luz ninguém quer voltar ao estado mediocre de se estar preso em uma caverna. Porque talvez esse seja o MEU sentido, no final. Conhecer, explorar, sentir todas as dores e prazeres que a vida pode proporcionar, refletir, questionar e além de tudo SE questionar... Talvez essas paradas aleatórias e estranhas no meio da noite que dêem sentido pra que tudo se torne belo, ou ao menos agradável. Para que tudo não passe apenas de uma forma de diversão, mas repleta de significados que se tornam essenciais, não apenas para que esse blog continue mas que haja alguma lógica ou graça na vida.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

almost by concretismo.

ela acorda olha o relógio pensa no dia pensa na prova se levanta vai no banheiro tira a roupa entra no box liga o chuveiro olha a água cair pensa nele molha o corpo passa shampoo passa sabonete enxágua o cabelo enxágua o corpo passa condicionador enxágua o cabelo sai do box coloca roupão se olha no espelho volta pro quarto tira o roupão se enxuga pensa nele veste a calcinha sutiãn camisa calça meia seca franja pensa nele coloca tenis sai do quarto toma suco come pão pensa nele escova os dentes pega os livros os cadernos vai pro carro sai de casa dá bom dia pensa nele para no sinal pensa nele pensa na prova pensa nas fórmulas olha o celular chega no colégio dá bom dia entra na sala dá bom dia senta numa cadeira pensa nele olha o celular pensa nele espera a aula começar pensa nele assiste as aulas pensa nele quer sair dali olha o celular pensa nele pensa na prova pega o outro caderno estuda outra matéria tenta prestar atenção conversa com alguém intervalo come um salgado conversa com alguém pensa nele pensa na prova escuta música revisa pra prova começa a prova vai pra sala vê as questões começa a resolver pensa nele outra questão 'como fazer essa?' pensa nele pensa nas questões pede cola recebe ou não fica impaciente resolve o resto pensa nele chuta alguma acaba a prova sai do colégio espera o carro vai conversando chega em casa come liga o computador assiste alguma coisa pensa nele olha orkut twitter fotolog vai pra sala estuda pensa nele pensa em entrar no msn desiste volta a estudar tem sono pensa nele dorme para de pensar nele.