segunda-feira, 5 de julho de 2010



A idéia de colocar esse vídeo depois de praticamente 6 meses sem postar nada que preste (e com isso quero, sinceramente, incluir o post passado, porque toda vez que o leio tento entender o que tentei expressar mas.. acaba terminando sempre em um fail), não é apenas em relação ao fato de Snoopy ser um desenho que meus filhos irão assistir, mas justamente porque nesse vídeo acaba resumido os motivos pra que eu não venha postando ultimamente.
O fato de começar me 'explicando' através desse vídeo não é à toa. Verdade é que, depois de ingressar nesse novo universo, o chamado '3o ano'/'pré-vestibular', parece que sua vida INTEIRA se resume a isso, todos os seus sonhos e expectativas estão depositadas no esforço que você deve/tem que realizar esse ano para que, chegando em novembro/dezembro, saiba preencher todas as bolinhas que irão definir sua vida por no mínimo um ano. Chega a ser irônico e demasiadamente assustador.. Bolinhas, pontinhos pretos/azuis que irão definir sua vida. A pressão que existe dentro dessa afirmativa é tão grande que chega a ser ridícula (no final.. talvez até seja).
Pra quem me conhece, nada mais óbvio seria um post dizendo o quanto odeio o sistema educacional brasileiro e como acho que este não consegue medir nosso conhecimento mas sim a paciência e a (pasmem) falta de senso critico dos alunos. Só que, nesse momento, quero interligar alguns pontos que observei durante esses 6 meses pra que possa dá base as indagações que quero fazer aqui. So, let's go.
Entrei para o 3o ano 'olímpico' do suposto melhor colégio da cidade. Tal idéia já começou a me intrigar, porque a alguns anos atrás a própria idéia de estar inserida em um ambiente em que todos ali foram julgados como 'superiores' aos outros me faria pensar realmente se estava no colégio certo, que iria de acordo com meus valores. Com o passar do tempo, fui descobrindo que até mesmo meus valores foram postos em teste e, não necessariamente encaro isso com uma coisa ruim, pois já que estamos na escola para aprender, por que não aprender um pouco mais sobre como devemos encarar a vida e nossos supostos princípios? Seja pra aprofundar no que acredito(ava) ou pra construir uma nova teoria, resolvi ficar na sala.
Diante dessa idéia de desafio, de ver o que a sala 'tinha pra oferecer', deixei-me embarcar nessa 'aventura'. Comecei a observar as pessoas que estavam ali, percebi alguns que questionavam e isso levou a uma nova etapa no colégio, em uma sala de aula em que nem tudo que o professor falasse era engolido (e tanta coisa já se engasgou em mim, meu deus) sem antes ser realmente entendido. Por outro lado, percebi que tinha gente ali que seguia exatamente o padrão que o ensino brasileiro quer (ou pelo menos queria, antes do ENEM), aqueles que conseguem tirar nota boa na prova mas consciência critica que é bom? Nada.
Sinceramente, acho que é aí que reside uma das maiores falhas do nosso ensino. Tem-se a idéia de que saindo do colégio, você é um cidadão formado para o mundo, que entende basicamente de cada uma das ciências e sabe aplicá-las no seu dia-a-dia. Com o vestibular, tornou-se evidente que isso vem sendo esquecido cada dia mais. Algumas pessoas que são aplaudidas por conseguir uma classificação boa em algumas provas são as mesmas que, parando pra conversar, me deparo diversas vezes com frases como "Não gosto de política. Acho tudo idiotice e só tem corrupção e ladrão ali" ou outras como "Ler é perda de tempo, consegui fechar a prova de literatura sem ler nenhum livro". Diante disso, paro e reflito... Certo que cada um tem sua opinião e que, teoricamente, a partir do momento em que estamos numa democracia, devemos tentar entender cada ponto de vista e respeitá-lo. Mas até onde uma pessoa que pensa assim está pronta pra ingressar na universidade, se graduar e ser considerado um cidadão formado, com capacidade de estar não apenas no mercado de trabalho, mas que basicamente tem um nível cultural e intelectual que abrange diversos conhecimentos? Será que o único fato de conseguir solucionar uma 'prova' responde por todo esse questionamento? A opinião não conta? E, se sim, que tipo de opinião? Não seria, então, antidemocrático estabelecer um tipo de opinião como correta, ao passo que seria um 'erro' colocar apenas uma 'prova' para medir conhecimento e esquecer que a formação de um cidadão não se trata apenas disso?
O problema que reside nessa questão vai além disso, se trata também do papel da escola na vida dos alunos e até onde ela deve interferir em nossa educação. Pergunto-me, realmente, qual seria o papel da educação nos dias de hoje, se não apenas uma 'decoreba' para passar no vestibular (que, afinal, se tornou um FIM e não um MEIO). E os professores, autoridades que supostamente são chamados de educadores, até onde devemos ou podemos questioná-los? Nesse ponto, lembro de duas cenas que presenciei, para piorar a raiva contida que tenho do fato do ensino brasileiro cobrar um exagero de conhecimento sobre algumas áreas (exatas, pra ser mais especifica) e desprezar outras (humanas), as duas cenas mais absurdas que aconteceram em minha sala foram com um professor de matemática e outro de física. O primeiro retirou pontos de uma questão de uma aluna porque a mesma não expressou seu raciocínio lógico através de cálculos e sim por extenso, dizendo que ali 'não era uma prova de redação'. A outra cena se tratou de um professor de Física chutando um livro em sala de aula por dizer que 'tem muito desses lá em casa, esse aí é lixo'. Me pergunto, então, nos dois casos, onde está o suposto senso crítico, a inteligência, o bom senso e a ÉTICA de pessoas que são nossos EDUCADORES e deveriam estar ali não somente pra nos fazer aprender formulas mas pra ensinar como agir e como formar nossas opiniões e pensamentos.
Então, fica a pergunta no ar, qual seria o papel do colégio? Educação, decoreba, ensinar como resolver problemas e decorar 'fatos' históricos, formar senso crítico ou o quê? Nesse ano, esses questionamentos são alguns dos mais presentes na minha rotina e resumem um pouco do que tenho visto e aprendido, mudando um pouco o foco desse blog (porque, realmente, não há tempo para o amor, como diz o vídeo) e trazendo um novo angulo que anteriormente eu havia esquecido. (até porque.. será que até mesmo o amor não inibe um pouco um senso crítico?).
E, afinal... Do que se trata o senso crítico?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

The Birth and Death of the Day.

Não, a culpa não era de um relacionamento frustrado.. Nem dela ter morrido, de algum caso mal-resolvido. A culpa não era, não é, dos conflitos gerados em casa. A culpa, definitivamente, não está nos livros que não fazem mais sentido. Nem mesmo na droga do colégio que já não a faz mais querer estar lá. A culpa não é da sua memória afetada, muito menos da bebida, que sua mãe custa em julgar. A culpa não era do ano passado inteiro, de todas as vezes que errou e se sentiu sozinha depois. A culpa não é de ter dormido tantas vezes sozinha, querendo ter alguém para ao menos pensar. A culpa, mais uma vez, não foi de ter acabado tudo que ela custava em acreditar. A culpa, meu deus, não foi dela, que por estar longe não pode ajudar. A culpa.. Que culpa? Ah, aquela que ela passou o ano todo julgando, perguntando, procurando, pensando. Aquela que tantas vezes foi citada por aqui numa tentativa de encontrá-la, de acusá-la, de trazer aquela paz que definitivamente não PODE nem DEVE existir. É, aquela culpa.. Sabe, demorou, entende? Foi difícil enxergar, no começo, por tentar de toda forma encontrar um anteparo, um estepe, um encosto pra aguentar as derrubadas e essa mania de achar que está sempre atrás. E, putz, ela estava. Acostumada a passar primeiro por todas as emoções, por tomar sempre as decisões certas, ter sempre algo em mente e ter uma causa, ideologia, razão.. razão? um chão, na verdade, algo pra se firmar, como já disse. Acostumada a não ser ultrapassada, a não ver ninguém crescer mais que ela. Mas isso se perdeu, mudou. Tentou culpar o mundo depois de tantas tentativas, tentou se localizar em alguém, tentou se localizar com livros, talvez se perder completamente com a bebida, com o existencialismo (afinal, que porra de filosofia é essa que sempre intrigou todo mundo?), tentou falar alto, tentou ficar calada pra só ouvir e foi se reprimindo mais por achar que estava cada dia mais errada... Chegou a inconstância, a tristeza, a falta de objetivo por perceber que não há o que fazer, que não se pode se achar procurando algo.
E então percebeu. Percebeu que se achasse, não teria lógica. Percebeu que o problema dela era não ter mais paciência o suficiente pra se preocupar com as próximas roupas que iria usar, paciência pra entrar nas comunidades mais cool e selecionar os amigos que poderiam ou não fazer parte de sua elite pessoal. Sem paciência pra entender e postar diversas vezes Caio Fernando Abreu dizendo ser ele o mais bonito do universo e até mesmo, por uns tempos, cansou de blog, de beber, de viver um universo em que ser você mesmo é OBRIGATÓRIO e isso acaba te fazendo mentir, te desvirtuando do principal. Aliás, até hoje ela não descobriu o que é o principal. As respostas pras questões que aqui estão, ela ainda não descobriu, como por exemplo se vale a pena amar, se vale a pena beber até chorar, se vale a pena se expor a todas as emoções or just feel no pain, being one island, se se se se... Enfim.
Só que, durante todo esse caminho, entre tantas perdições, ela aprendeu algo. Depois de ter se declarado, de ter saido da ingenuidade até chegar ao ponto de ter nojo de si mesma. Quando estava cansada. Simplesmente foi deixando as coisas andarem, curtindo cada momento, let it be. Se encontrando em outras pessoas, observando cada dia mais os outros tipos de realidade e, apesar de não ser mais aquela menina que assiste as pessoas passarem em seu rodo-cotidiano, com as idéias cada dia mais perdidas e sendo apenas como mão-de-obra num mundo tão mais interessante e ao mesmo tempo contraditório... Apesar de não ser aquela menina, continuou com a mesma paixão que havia antes por observar os locais, por escrever, por ouvir uma música e decifrar o que aquilo quer dizer pra ela, pra você. Assim, eu poderia dizer que foi do nada, parecia mais bonito né? Mas não foi. Custou, cara, custou muito e ainda custa bastante colocar os pés no chão e perceber que voar é melhor do que está inserido nessa pseudo-realidade frustrante. Custou tanta coisa e pode vir a custar mais, se ela mudar de idéia. Afinal, não se cresce de um dia pro outro, não se muda de idéia assim, do nada. É difícil encontrar diante de tantas dúvidas, uma paz.
Paz. Um belo dia ela acordou, tranqüila e percebeu que apesar de todo o caos que era sua vida, o tempo trouxe, sutilmente, a pseudo-paz que ela precisava. Não é que não seja paz, não é que esteja errado... Apenas trouxe alguma coisa pra pensar, um quase-objetivo.
Ela deixou de lado o que incomodava... Ela passou a conviver com seus defeitos, afinal, 'ninguém sabe qual é o defeito que sustenta todo o edifício que é sua vida'. Ela voltou a ler, a se apaixonar, se excitar e pensar em como poderia melhorar, mesmo sabendo que diversas vezes era encarada como pseudo-something. Afinal, de pseudo todos temos um pouco. Ela parou de se importar.
Ela cresceu.