quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

The Birth and Death of the Day.

Não, a culpa não era de um relacionamento frustrado.. Nem dela ter morrido, de algum caso mal-resolvido. A culpa não era, não é, dos conflitos gerados em casa. A culpa, definitivamente, não está nos livros que não fazem mais sentido. Nem mesmo na droga do colégio que já não a faz mais querer estar lá. A culpa não é da sua memória afetada, muito menos da bebida, que sua mãe custa em julgar. A culpa não era do ano passado inteiro, de todas as vezes que errou e se sentiu sozinha depois. A culpa não é de ter dormido tantas vezes sozinha, querendo ter alguém para ao menos pensar. A culpa, mais uma vez, não foi de ter acabado tudo que ela custava em acreditar. A culpa, meu deus, não foi dela, que por estar longe não pode ajudar. A culpa.. Que culpa? Ah, aquela que ela passou o ano todo julgando, perguntando, procurando, pensando. Aquela que tantas vezes foi citada por aqui numa tentativa de encontrá-la, de acusá-la, de trazer aquela paz que definitivamente não PODE nem DEVE existir. É, aquela culpa.. Sabe, demorou, entende? Foi difícil enxergar, no começo, por tentar de toda forma encontrar um anteparo, um estepe, um encosto pra aguentar as derrubadas e essa mania de achar que está sempre atrás. E, putz, ela estava. Acostumada a passar primeiro por todas as emoções, por tomar sempre as decisões certas, ter sempre algo em mente e ter uma causa, ideologia, razão.. razão? um chão, na verdade, algo pra se firmar, como já disse. Acostumada a não ser ultrapassada, a não ver ninguém crescer mais que ela. Mas isso se perdeu, mudou. Tentou culpar o mundo depois de tantas tentativas, tentou se localizar em alguém, tentou se localizar com livros, talvez se perder completamente com a bebida, com o existencialismo (afinal, que porra de filosofia é essa que sempre intrigou todo mundo?), tentou falar alto, tentou ficar calada pra só ouvir e foi se reprimindo mais por achar que estava cada dia mais errada... Chegou a inconstância, a tristeza, a falta de objetivo por perceber que não há o que fazer, que não se pode se achar procurando algo.
E então percebeu. Percebeu que se achasse, não teria lógica. Percebeu que o problema dela era não ter mais paciência o suficiente pra se preocupar com as próximas roupas que iria usar, paciência pra entrar nas comunidades mais cool e selecionar os amigos que poderiam ou não fazer parte de sua elite pessoal. Sem paciência pra entender e postar diversas vezes Caio Fernando Abreu dizendo ser ele o mais bonito do universo e até mesmo, por uns tempos, cansou de blog, de beber, de viver um universo em que ser você mesmo é OBRIGATÓRIO e isso acaba te fazendo mentir, te desvirtuando do principal. Aliás, até hoje ela não descobriu o que é o principal. As respostas pras questões que aqui estão, ela ainda não descobriu, como por exemplo se vale a pena amar, se vale a pena beber até chorar, se vale a pena se expor a todas as emoções or just feel no pain, being one island, se se se se... Enfim.
Só que, durante todo esse caminho, entre tantas perdições, ela aprendeu algo. Depois de ter se declarado, de ter saido da ingenuidade até chegar ao ponto de ter nojo de si mesma. Quando estava cansada. Simplesmente foi deixando as coisas andarem, curtindo cada momento, let it be. Se encontrando em outras pessoas, observando cada dia mais os outros tipos de realidade e, apesar de não ser mais aquela menina que assiste as pessoas passarem em seu rodo-cotidiano, com as idéias cada dia mais perdidas e sendo apenas como mão-de-obra num mundo tão mais interessante e ao mesmo tempo contraditório... Apesar de não ser aquela menina, continuou com a mesma paixão que havia antes por observar os locais, por escrever, por ouvir uma música e decifrar o que aquilo quer dizer pra ela, pra você. Assim, eu poderia dizer que foi do nada, parecia mais bonito né? Mas não foi. Custou, cara, custou muito e ainda custa bastante colocar os pés no chão e perceber que voar é melhor do que está inserido nessa pseudo-realidade frustrante. Custou tanta coisa e pode vir a custar mais, se ela mudar de idéia. Afinal, não se cresce de um dia pro outro, não se muda de idéia assim, do nada. É difícil encontrar diante de tantas dúvidas, uma paz.
Paz. Um belo dia ela acordou, tranqüila e percebeu que apesar de todo o caos que era sua vida, o tempo trouxe, sutilmente, a pseudo-paz que ela precisava. Não é que não seja paz, não é que esteja errado... Apenas trouxe alguma coisa pra pensar, um quase-objetivo.
Ela deixou de lado o que incomodava... Ela passou a conviver com seus defeitos, afinal, 'ninguém sabe qual é o defeito que sustenta todo o edifício que é sua vida'. Ela voltou a ler, a se apaixonar, se excitar e pensar em como poderia melhorar, mesmo sabendo que diversas vezes era encarada como pseudo-something. Afinal, de pseudo todos temos um pouco. Ela parou de se importar.
Ela cresceu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Você citou quase que uma frase da Lispector aí. :)
Enfim. Essa paz é completamente possível e alcançável, e tenho certeza que alguém te falou dela. E isso é a crise dos 16. Acredito que no máximo depois dos 30 você já têm aprendido um bocado sobre si mesma e já não precisa mais ir atrás de filosofias de outras vidas ou de livros escritos por pessoas diferentes de você. Mas enquanto isso não se deve ir contra os próprios princípios que te guiam desde criança. É só lembrar da menina que você descreve (à qual me identifiquei, admito) e dos princípios dela. O que ela valorizava, o que repugnava. Claro que isso adicionado à experiência. Mas lembra também que ela tinha defeitos.
Eu meio que voei demais em mim mesma nesse comentário e nem sei se você vai conseguir entender. Espero que sim, porque não quero ter gastado esse tempo aqui por nada, quero mesmo é que você entenda.

Beijo, Ana! :*

Túlio Camara disse...

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